Sobre a peregrinação

No final do ano de 2011, eu morava em um quarto de uma ala desativada de um asilo. Como fui parar lá? 



Essa é uma longa história, que envolve a generosidade do tataraneto do Barão de Mauá e minha incrível experiência de convívio com 50 tailandeses (que parece até ficção, mas não é). Como este deve ser um relato breve, vou direto ao ponto.

Naquele lugar eu vivia uma vida bem simples. Não me importava com a falta de bens materiais, a única coisa que fazia com que eu me inquietasse era uma vontade imensa de viajar. Mas como poderia fazer isso, sem dinheiro? Acho que escrever poesia seria a última resposta para essa questão. Mas foi a minha resposta.

Vi a oportunidade ao ler o edital de um prêmio literário promovido pela Universidade de Fortaleza. O prêmio? Uma viagem para Washington para conhecer a maior biblioteca do mundo: a Biblioteca do Congresso Nacional. Bastava para isso vencer o certame, com um livro de poesia inédito de, no mínimo, cem páginas... O prazo? No dia seguinte as inscrições seriam encerradas...

Por incrível que pareça, não apenas consegui escrever o livro em um dia, observando as pequenas coisas do quintal do asilo e do meu aparentemente tedioso dia a dia, como acabei vencendo o Prêmio de Literatura UNIFOR.

Nascia o livro: cem pequenas poesias do dia a dia.




Eu tinha a passagem para Washington, mas e o dinheiro para as despesas de viagem? A resposta era a mesma: poesia.

Escrevi um poema observando a chuva que caía sobre o asilo e o inscrevi no Concurso de Poesias da Universidade Federal de São João del-Rei. Fiquei entre os premiados e ganhei o suficiente para comprar 500 dólares.

Assim começou a minha peregrinação nos Estados Unidos, percorrendo dez mil quilômetros de estrada para visitar os grandes escritores norte-americanos. E tudo isso pago apenas com poesia.

Agora, com o apoio da Bolsa de Criação Literária do ProAC, escreverei um livro sobre essa poética jornada. Toda semana postarei um breve relato de viagem e um poema, inspirado em um livro do autor visitado... E não apenas na leitura das páginas desse livro, mas também das folhas que encontrei pelo caminho até lá. Você quer acompanhar a peregrinação das folhas caídas? Venha ser sopro comigo. Vamos ventar!












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